Tendo sempre Castelo de Vide como a sua terra, pois aqui tinha a sua ascendência, quer por parte de seu pai quer por parte de sua mãe, e nesta vila vivendo a maior parte da vida, João Luís de Carvalho Cordeiro nasceu, no entanto, na Rua de Elvas, em Portalegre, Freguesia da Sé, a 28 de Outubro de 1861.

Seus pais eram João Luís dos Santos Cordeiro, empregado na Secretaria do Escrivão da Fazenda de Portalegre e Teodora do Carmo e Carvalho Sequeira, ambos naturais de Castelo de Vide. Neto paterno de António Xavier dos Santos e de Maria Joaquina Bixo, e materno de João Pedro de Carvalho e de Maria José de Alegria Sequeira.

Foi baptizado na Sé de Portalegre a 18 de Novembro do mesmo ano, pelo Pároco Padre Justino José de Almeida Pontão, tendo como padrinho o Padre João António de Carvalho e Sequeira e madrinha Ubelina d`Alegria de Carvalho e Sequeira, como procurador o Padre Serafim Pedro de Carvalho e Sequeira.

Órfão ainda criança, foi com os seus padrinhos e seus tios maternos que viveu até à idade adulta.

Destacou-se no meio castelovidense, onde teve grande participação na vida social e pública local, gozando de largo prestígio, e onde foi também chefe do Partido Regenerador.

Foi Director Escolar em Portalegre e em Évora, Auditor e Reitor do Liceu Central do Distrito.

Foi ainda Juiz Auditor Administrativo do Distrito de Évora, professor e primeiro Director da Escola Distrital de Portalegre (Magistério Primário), várias vezes Administrador do concelho de Castelo de Vide, Presidente da Câmara e da Comissão Administrativa, bem como pertenceu a outras comissões administrativas nesta vila, designadamente pela última vez, na Câmara Municipal, depois da vitória de Sidónio Pais em 5 de Dezembro de 1917, tomando posse em 16 de Janeiro de 1918. Assumiu também outros lugares de dirigente em instituições da vila.

Em 5 de Outubro de 1910, na tarde deste dia, recebe, como Administrador do Concelho, um telegrama anunciando a proclamação da República em Lisboa, notícia só conhecida do público no dia imediato, depois de haver confirmação.

Como jornalista colaborou em vários jornais de Évora e Portalegre, por vezes sob o pseudónimo de João Sem Terra, e foi redactor principal e Director de "O Castelovidense", entre 1909 e 1911, escrevendo sob o pseudónimo Artur de Melo. O jornal era propriedade de João Diogo Casaca, sendo impresso na Tipografia Estácio e Casaca, em Castelo de Vide. Poesias e outros escritos em prosa acham-se também dispersos por diferentes jornais da região, nomeadamente em “Aurora do Tejo” (Gavião), A Correspondência de Portalegre e “A Voz de Estremoz”, onde foi redactor literário desde o n.º 36 de 15 de Agosto de 1897 ao n.º 451 de 12 de Setembro de 1901.

Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, além dos cargos já referidos, exerceu também a advocacia, deixando publicado o opúsculo "Uma Questão Fiscal- Rial d'Águas" - 1900.

Em 27 de Maio de 1893, com 31 anos, e na paroquial Igreja de São João Baptista de Castelo de Vide, realizou-se o seu casamento com Orminda Augusta d'Almeida Durão, de 18 anos, natural da Freguesia Matriz de Castelo de Vide, filha de Pedro Manuel Durão e de Isabel Cândida de Almeida Durão, ambos também naturais de Castelo de Vide. Foram testemunhas do acto o Conselheiro Dr. António Xavier Perestrelo Corte Real, ao tempo governador civil de Portalegre, e Alexandre Nunes de Carvalho e Sequeira, tio do noivo pelo lado materno e também natural desta vila.

O Dr. João Luís de Carvalho Cordeiro teve três filhos, Berta Augusta de Almeida Durão de Carvalho Cordeiro, que casou com Manuel Godinho de Moura Ramos, Maria Cândida Durão de Carvalho Cordeiro, casada com o Dr. José Mendes Pereira Gil, e o Eng.º Alexandre Óscar Durão de Carvalho Cordeiro, casado com Maria Luísa Rolo da Gama Lobo Salema.

Faleceu em 26 de Maio de 1919, com 57 anos em Castelo de Vide, na sua casa na Carreira de Baixo, hoje Rua de Olivença, nº 7, sendo sepultado no Cemitério desta Vila, em jazigo de família.

Diogo Salema Cordeiro